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Princesa do Brasil: Isabel, a redentora

  • Foto do escritor: Fernanda
    Fernanda
  • 3 de ago. de 2020
  • 3 min de leitura

Isabel (1846 -1921) foi a primeira mulher a exercer o cargo de chefe de Estado na América Latina. Apesar disso, ela só foi considerada herdeira do trono brasileiro porque seus dois irmãos faleceram ainda muito jovens. Dessa forma, sem nenhum herdeiro para assumir os papeis políticos, ela foi educada a partir dos três anos de idade para comandar o Império do Brasil. Com 14 anos, prestou um juramento prometendo obedecer às leis e o imperador e manter o Brasil um país católico. Com 18 anos se comprometeu com o conde d’Eu (Gastão de Orléans), num casamento arranjado pelo seu pai conforme mandava o figurino da época.

A primeira vez que esteve como regente do Brasil, Isabel tinha 25 anos. Seu pai, Pedro II, precisou sair do país e ela ficou em seu lugar. Nesse momento, Isabel assinou a Lei do Ventre Livre (1871) tornando livres os negros nascidos a partir de então.

Em 13 de Maio de 1888 assinou a Lei Áurea, pela qual é conhecida até hoje, que declarava livre os escravos no Brasil. Muito se discute sobre a abolição e a forma como foi feita. É preciso pensar no contexto que Isabel assina a lei: era inevitável. Pedro II, provavelmente teria demorado algum tempo a mais para assinar essa lei, pois tinha ligações estreitas com fazendeiros que dependiam da mão de obra escrava para manter suas lavouras a baixo custo. Alguns pesquisadores afirmam que Isabel era abolicionista, apesar de não declarar publicamente. Afirmam que ela financiou a alforria de muitos escravos e asilou fugitivos em sua casa, em Petrópolis, escancarando seu apoio ao fim da escravidão.

Obviamente que a assinatura de uma lei não iria resolver um problema que se arrastava a anos, causando dor e sofrimento a milhares de pessoas. Uma gama de interesses econômicos estava envolvida na questão da abolição, e, justamente por ser tão importante, ela foi tão debatida pela Assembleia Brasileira. O problema de endeusar pessoas e personagens históricos é justamente esse: quando pensamos de forma mais profunda sobre seus atos, percebemos que eles falharam de alguma forma com o que nós projetamos neles, e acabamos nos decepcionando.

Ao assinar a lei, que foi de extrema importância no quesito de legislação brasileira (o Brasil era o único país independente que ainda não havia abolido a escravidão às vésperas da virada do século), Isabel esperava também salvar a família real que não tinha mais tanta popularidade assim. Contudo o tiro saiu pela culatra e um ano depois ela e toda a família eram retirados do Brasil para não mais voltar.


O Barão de Cotegipe teria dito à princesa que ela redimiu uma raça, mas que perderia o trono. Inclusive, Isabel foi perseguida pelo Barão de Cotegipe que fazia questão de, constantemente, dizer à princesa que ela não servia para ocupar o cargo de regente ou estar no meio das questões políticas. Cotegipe foi um dos 9 senadores que votaram contra a abolição (então a gente já pode imaginar que tipo de concepções ele mantinha né?!)

Isabel e toda a família real foi realmente banida do país. Ela teve que lutar não só com o luto de perder sua pátria e sua casa, mas anos depois perdeu dois filhos, a mãe e o pai (e considerou culpa da república). Ela se sentiu traída.

Faleceu um ano antes de o presidente Epitácio Pessoa revogar, no centenário da independência, o banimento da família real em 1922. O túmulo de Isabel e do Conde D’Eu podem ser visitados em Petrópolis, RJ.



Fontes


Princesa Isabel. Disponível em: http://bndigital.bn.gov.br/princesa-isabel-2/


SCHUMAHER, S. Brazil, E. Dicionário Mulheres do Brasil. [S.l]: Zahar Editores, 2000, p.543 - 544.


SOUSA, D; CARARO, A. Extraordinárias: mulheres que revolucionaram o Brasil. São Paulo: Seguinte, 2017, p. 52 - 55.

 
 
 

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