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Líder humanitária: Zilda Arns a mulher que mudou a história da desnutrição infantil no Brasil

  • Foto do escritor: Fernanda
    Fernanda
  • 11 de dez. de 2020
  • 3 min de leitura

2020 foi um ano atípico e preocupante: a pandemia global do covid-19 nos fez parar e analisar tudo que o que consideravamos normal até então. Nos fez reaprender a cuidar da nossa saúde e também da saúde dos outros. Assim, não teria melhor forma de finalizar esse ano contando a história de uma mulher que lutou até seus últimos dias para melhorar a vida de milhares de mulheres e crianças, no Brasil e no mundo.


Dessa forma o #quemfezhistoria de hoje faz uma homenagem à médica catarinense Zilda Arns que empoderou mulheres pobres de forma a aplicar seu conhecimento em saúde, salvando vidas por acreditar na transformação. Ela devolveu dignidade e confiança a incontáveis mulheres auxiliando-as no cuidado básico da saúde de seus filhos e de si próprias.


Zilda (1943 - 2010) nasceu em Forquilhinha, SC e desde pequena acompanhava a mãe que fazia atendimentos médicos voluntários para os vizinhos baseada em livros que recebia da Alemanha enviados pelos familiares. Ela cresceu fazendo tijolos para construir a biblioteca e cuidando de crianças entras as missas católicas. Seu pai queria que ela fosse professora, mas a jovem Zilda já sabia desde cedo que queria ser médica.


Ela entrou no curso de medicina em 1953 na Universidade Federal do Paraná, em uma turma de 114 homens e 6 mulheres (contando com ela). Se formou e em seguida criou clubes de mães nas unidades de saíde que trabalhava para ajudar as mulheres carentes a cuidarem de seus bebês. Seu marido cuidava dos filhos para que ela pudesse se especializar em Saúde Pública, num momento em que o tabu para homens que cuidavam dos afazeres domésticos era grande.


Quando seu marido morreu, Zilda permitiu aos filhos participação e voz ativa da família, outra coisa que foi um choque para a sociedade brasileira da época que acreditava que a criança não poderia opinar em assuntos familiares.


Em 1980 ela foi chamada para combater um surto de poliomelite no interior do Paraná e elaborou uma campanha de vacinação que deu tão certo e fez tanto sucesso que foi repicada pelo Ministério da Saúde. Então o diretor - executivo da Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância) sugeriu à seu irmão, o cardeal Paulo Evaristo Arns, que a Igreja Católica ajudasse na redução da mortalidade infantil. Então, em 1983, foi fundada a Pastoral da Criança.


A cidade escolhida para começar o projeto foi Florestópolis, que tinha os piores indices de mortalidade infantil no Paraná: a cada mil crianças nascidas vivas, 127 morriam antes de completar um ano. Zilda treinou voluntários que passavam informações sobre vacinação, soro caseiro, cuidados básicos e até mesmo violência doméstica. Em dois anos o índice caiu de 127 para 20 mortes, transformando o projeto num sucesso nacional.


(A título de comparação, em 1970 no Brasil, a taxa de mortalidade infantil era de 115 crianças para cada 1.000 nascidas vivas. Em 2010, o índice era de 17 crianças para cada 1.000 nascidas vivas.)


Zilda conseguiu criar uma rede de solidariedade que mereceu muitos premios e indicações. Entre alguns dos recebidos estão: Prêmio Unicef, 2009; Opus Prize, 2006; Medalha Simón Bolívar, 2000 e 2006; Prêmio Heroína da Saúde Pública das Américas, 2002; Prêmio Direitos Humanos da Associação das Nações Unidas - Brasil, 2000. Quando Zilda morreu, em 2010, em virtude da queda do teto de uma igreja durante o terremoto em Porto Príncipe, no Haiti, ela tinha acabado de fazer um discurso para implantar a pastoral da criança no país. Seu programa contava, em 2010, com mais de 260 mil voluntários no Brasil todo que cuidavam mensalmente de 1,9 milhão de crianças e gestantes. O programa está presente em pelo menos 17 países da América Latina, África e Ásia.


A dra. Zilda mudou a história da mortalidade infantil no Brasil dedicando sua vida ao voluntariado. Ela foi uma líder que mudou a vida de milhares de pessoas e transformou o país. Falar de saúde pública de qualidade é falar de cidadania, por isso fica aqui a fala dessa querida pediatra como forma de incentivo:


"A luta deve continuar para haver políticas públicas que gerem oportunidades iguais para todos"

dra. Zilda Arns


Você pode acessar o site da Pastoral da Criança para obter maiores informações de como ajudar esse projeto: https://www.pastoraldacrianca.org.br/


Fonte


SOUZA, D. CARARO, A. Extraordinárias: mulheres que revolucionaram o Brasil. São Paulo: Seguinte, 2017, p. 136 - 139.

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