Gênero
- vidadeprenda
- 31 de ago. de 2020
- 3 min de leitura
[AVISO: antes de começar esse texto precisamos avisar que ele é uma construção bem simples e nada profunda sobre conceitos. Queremos, com esse texto, introduzir o conteúdo sem sobrecarregar o leitor. Por isso, ele foi reduzido ao debate dos significados de forma simples e clara.]
Recentemente perguntamos, em nosso Instagram, sobre gênero e seu significado. Apesar da grande maioria das participantes da enquete terem respondido que compreendem o que é, uma parte delas ainda não afirmou com certeza.
Conhecimento nunca é demais, por isso esse post vem pra esclarecer dúvidas, aprender coisas novas ou ainda que você já saiba o que vamos dizer aqui, é uma leitura gostosa de fazer. Então, vem com a gente e vamos debater sobre Gênero.

Mas então, o que é Gênero?
Gênero é a construção social dos papéis femininos e masculinos.
Durante algum tempo, ele foi confundido com a divisão homens/mulheres. Mas hoje as teóricas do feminismo já compreendem gênero como uma construção social do que é ser homem e ser mulher.
Provavelmente, depois de compreender o significado de gênero, essa frase (tão famosa no mundo acadêmico das estudiosas do tema) faça sentido:
Ninguém nasce mulher: torna-se mulher.
- O segundo sexo, Simone de Beauvoir
Na sequencia dessa frase, Simone vai dizer justamente isso: é a sociedade, em conjunto, que elabora o que vai ser aceitável considerar homem ou mulher. E precisamos apontar aqui: o gênero também está nas coisas como nos brinquedos, por exemplo.
Social e culturalmente falando, fomos ensinadas que uma boneca é brinquedo de menina e, um carrinho brinquedo de menino. Mas qual o problema de um menino brincar com uma boneca, ou uma menina com um carrinho?! Percebe que, a construção da feminilidade/masculinidade se atrela a esses pequenos gestos. Um menino brincando com uma boneca vai fazer com que ele cresça preparado para segurar seus filhos, por exemplo.
O mesmo para roupas e cores: azul de menino, rosa de menina. Só meninas usam saias... mas na Escócia, por exemplo, é natural do vestuário masculino o uso de saia. Você consegue perceber como, além do gênero ser um conceito móvel (por que em diferentes sociedades ele pode ser compreendido e aplicado de formas diferentes), ele ainda se aplica aos objetos e ações do nosso cotidiano.
O gênero geralmente vem ligado a outras concepções como sexo, identidade etc. Vamos simplificar elas pra ficar tudo claro:
A associação entre gênero e sexo é a mais comum. Mas as duas coisas são diferentes. Se o gênero é uma construção social, como falamos, o sexo tem a ver com as características biológicas, os órgãos reprodutivos.
Além disso, temos o conceito de identidade de gênero e orientação sexual. A orientação sexual é mais tranquila ao vocabulário: por quem você se sente atraído. Já estamos mais habituados ao conceito de orientação sexual graças a familiaridade com sigla LGBT+. Já a identidade de gênero tem a ver com a identificação que você sente fazer parte: feminina ou masculina. Usamos os seguintes termos para designar a identidade de gênero:
cisgênero: quem se identifica com o gênero designado ao nascer.
transgênero: quem não se identifica com o gênero designado ao nascer
não-binário: quem não se identifica com nenhum dos dois gêneros.
O feminismo se apropriou do conceito de gênero justamente para mostrar que essa distinção de papéis colocou a mulher em um lugar submisso e não existe nenhuma naturalidade nisso! Dizer que o feminismo era uma luta de mulheres era excluir aqueles que não se enquadravam nos padrões que tanto são criticados. Assim, hoje falamos em Estudos de Gênero, como uma categoria de análise.
Dessa forma, o gênero, que não é fixo mas sim construído social e culturalmente através de práticas cotidianas, como categoria móvel passou a ser considerado dentro do movimento feminista com o objetivo de abraçar a diferença e buscar um mundo que seja justo para todes.
Para finalizar, por hora, reforçamos a construção de um feminismo como luta de gênero, ou seja, um feminismo que apoia as diferenças!!
Para construir esse texto, nos apoiamos em trechos das seguintes obras:
Joan Scott - Gênero: uma categoria útil de análise histórica (1988)
Judith Butler - Problemas de gênero: feminismo e subversão da identidade (2003)
Simone de Beauvoir - O segundo sexo (2016)
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