Vida de Prenda Cinema Clube - Anahy de las Misiones
- vidadeprenda
- 3 de jul. de 2020
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Eleito melhor filme no Festival de Brasília (1997) a produção mostra a Guerra dos farrapos de outro ângulo. Essa obra é baseada em uma lenda da região platina, que narra a vida de uma andarilha que vagava entre as fronteiras dos países durante a Guerra da Cisplatina (1825 -1828). Anahy é uma andarilha sem ideologia que arrasta seu carroção pelo Rio Grande de São Pedro em busca da sobrevivência. Ela e seus quatro filhos viajam por campos de batalha, recolhendo o que podem dos corpos dos soldados mortos para vender nos acampamentos.
O filme transita entre o histórico e o lendário: podemos ver Garibaldi e seu barco sendo levado por terra até o mar e também a mistica do Boitatá que ronda Luna, filha de Anahy. Com um português espanholado, o filme é um retrato incrível de outra face da guerra, a cotidiana. Daqueles que também sofrem mesmo que tenham escolhido não participar do movimento. Além disso, a produção tem um grande apelo pelo feminino: Anahy tenta proteger a filha dos ataques dos homens a cada parada. Com rosto e braços cobertos, faz parecer que a filha possui uma doença infecciosa. Nessa prerrogativa, Anahy tenta manter sua família unida e salva, apesar de todas as dificuldades. Uma das falas mais marcantes do filme e que ressalta a condição feminina da época é de Anahy quando perguntada por que não se fixava em lugar algum:
"China não pode ter uma querência, por pequena que seja. Nessa terra o mando e as posses são dos homens."
Com cenas fortes e emocionantes, a produção deixa marcas pelos ótimos diálogos dos personagens. Apesar de longo (o que pode ser um pouco cansativo) o filme nos faz refletir sobre a guerra, a justiça (ou falta dela) e os interesses, pois, como afirma Anahy "a guerra é uma bonita fonte de riqueza".
Anahy de las Misiones
direção de Sérgio Silva
Ano: 1997 175min
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